segunda-feira, 17 de julho de 2023

Envelhecer é um processo a ser vivênciado

Envelhecer é um processo que, devo confessar, traz aspectos bons. A sabedoria adquirida ao longo dos anos, a experiência acumulada e a capacidade de apreciar as coisas simples da vida são verdadeiros tesouros. 

Contudo, há uma parte desse caminho que se torna extremamente desafiadora, difícil de encarar.

À medida que o tempo avança, o corpo começa a nos impor limitações e isso é algo com que precisamos aprender a respeitar. Os movimentos que antes eram ágeis e desimpedidos passam a ser mais lentos e sujeitos a desconfortos. A saúde, que antes era uma aliada, torna-se uma preocupação constante.

No entanto, a maior dificuldade que enfrentamos ao envelhecer não está apenas nas mudanças físicas, mas sim nas perdas que inevitavelmente ocorrem. Pais, parentes e amigos que compartilharam conosco tantos momentos especiais vão partindo, deixando um vazio impreenchível em nossos corações. A saudade se torna uma companheira constante.

E isso não está restrito ao círculo das pessoas mais próximas. Escritores, atores, artistas e outras figuras públicas, mesmo que desconhecidos pessoalmente, também entram na conta desse sentimento de perda. Todas essas pessoas que nos ajudaram a formar nossa personalidade, com momentos de encantamento e reflexão se despedem deste mundo, deixando-nos um pouco mais solitários a cada partida.

Há um momento em nossas vidas que o “seja bem vido” fica mais raro que o “vá em paz” e assim, essa sensação de que a própria vida é feita de despedidas se acentua beirando a crueldade. 

Temos que prender a lidar com a saudade e a solidão que às vezes parecem crescer com o passar dos anos. 

Telvez o melhor rémédio para este momento seja transformar a solidão em solitude,  apreciando cada momento presente e valorizando as memórias dos que se foram.

O vivenciar, nesta etapa da vida, nos convida a mergulhar dentro de nós mesmo, em busca do autoconhecimento, aceitação e gratidão, aprender a cultivar o amor próprio e a valorizar a vida em todas as suas fases. É uma oportunidade de olhar para trás com carinho e olhar para frente com esperança, se bem que, as vezes, isso é muito difícil.

Nessa fase da vida, é importante buscar novas fontes de alegria e preencher o coração com atividades que nos tragam satisfação e bem-estar. Amizades podem ser renovadas, novos Hobbies podem ser explorados e novos aprendizados podem ser conquistados.

O tempo não está sob nosso domínio, mas pode ser nosso parceiro quando se trata de maturidade e entendimento. Envelhecer é aprender a valorizar cada ruga como um sinal de experiência, cada fio de cabelo branco como um troféu de sabedoria.

Do patamar onde estamos percebemos o quão longe chegamos e o quanto crescemos como seres humanos. E, mesmo que a saudade doa no nosso peito, é reconfortante saber o quanto aqueles que se foram contribuíram com a nossa jornada.

A pesar das dificuldades e desafios, envelhecer é um privilégio, e como tal, é uma oportunidade de construir um legado de amor e sabedoria para as gerações futuras.

Neste momento, quero compartilhar com vocês da poesia de “Chegadas e Partidas”, de Fernando Brant, que dá cor àquilo que penso. 

“ Todos os dias é um vai-e-vem / A vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar / Tem gente que vai pra nunca mais

Tem gente que vem e quer voltar / Tem gente que vai e quer ficar

Tem gente que veio só olhar / Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir /São só dois lados da mesma viagem 

O trem que chega / É o mesmo trem da partida

A hora do encontro é também despedida/ A plataforma dessa estação

É a vida desse meu lugar / é a vida...”

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