sexta-feira, 5 de novembro de 2010

De volta ao mundo real.

Agora que já acabou a campanha eleitoral, podemos voltar a nossa condição de figurantes, da qual nunca saímos de fato.
No calor dos discursos, os candidatos mostravam duas imagens bem diferentes do Brasil, não condizia em nada com o que eu via nas ruas.
Os “ancoras” dessa eleição perderam-se em intrigas pessoais, ou melhor, criaram cortina de fumaça para esconder que seus programas eram tão parecidos que a diferença ficava só no que iria ser efetivamente feito e como isso seria feito.

Enquanto uma bradava que no Brasil não havia problemas, só solução, o outro dizia que no Brasil não havia mais problemas, só os mesmos que não foram resolvidos.
Os dois se perderam, ou melhor, todos se perderam, candidatos, padrinhos políticos, marqueteiros, imprensa e eleitores com das imagens conflitantes entre a “ilha da fantasia” e o “The day after”.

Os principais atores fincaram pé no velho confronto do ufanismo X apocalipse e fizeram da central de boatos sua principal ferramenta de marketing.

O nosso sonho de renovação para acabar com os velhos vícios ficou pra depois. É verdade que alguns caciques não conseguiram manter o seu posto, mas, as caras novas foram poucas, e muitas dessas caras são dos decendentes dos caciques.

A surpresa foi o voto de protesto em um palhaço. Mas, com toda certeza, ele tem representatividade. Ele é a cara e o jeito da grande parcela de brasileiros que não tem acesso a educação, saúde e um trabalho que contribuam efetivamente para o crescimento econômico. Ele representa os flanelinhas, biscateiros, malabaristas de semáforos, limpadores de parabrisa,...
Veio de berço pobre. Veio do nordeste e migrou para o sul. Teve que optar entre o estudo e o trabalho para sobreviver. E ainda dizem que ele não tem representatividade, nem pode estar lá em Brasília.

Após o resultado das eleições, o Brasil volta a sua vidinha de sempre. Tudo aquilo que era “impraticável” passa a ser discutido pelo futuro governo, pois pode ser exeqüível. Tudo aquilo que era incogitável, volta à baila como “É uma justa solicitação dos governadores”,...


O palco foi desmontado, mas o jogo de cena continua.

Um comentário:

  1. É isso ai André, bem-vindo a realidade! Mas o que precisamos sempre, é ter a esperança de dias mehores. Um abraço.

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