quarta-feira, 25 de junho de 2014

A que me remete o #ocupeestelita. 

          A maioria de nós resiste, desde criancinha, a inferências que fazem sobre o nosso destino. Queremos escolher nossos amigos, nosso esporte favorito, nosso time do coração, nosso lazer, nossos gostos pessoais e não aceitamos as imposições externas. 

         Coisas como “você deveria fazer isso ou aquilo”, nos causa um profundo desconforto e não raro, nos opomos, seja reagindo negativamente ou, simplesmente, dando a essa “orientação” um desprezo. 
Diante dessa constatação, nunca entendi como certos grupos se acham no direito, e no dever, de impelir o seu “mundo idealizado” por eles para todos.   Onde está escrito que a minha verdade é melhor que a do outro?
Leio um monte de opiniões de gente que não mora em Recife e também, que moram mas não se conformam com as mudanças.   A quase totalidade não conhece a realidade das pessoas que moram em São José. Mal conhecem a cidade como turistas, pois só frequentam bons hotéis e restaurantes de luxo e se arvoram a dizer o que é bom. 
         Todas as opiniões, dos dois lados, desconsideram o que o povo do lugar pensa. É como se obrigassem todos a usar amarelo, só porque é sua cor favorita. E de forma autoritária dizem: O que estou te propondo é bom para você, porque é bom para mim. 
Nunca perguntam "O que você quer"? Perguntam, sim: “Você não acha que ter isso, é bom? ”. Agem de forma a induzir os outros a aceitar aquilo que eles pensam, como se tivessem legitimidade para tanto. Quem os legitimou? Quem os conduziu até aquela posição de “líderes”? Quem lhes conferiu o poder de responder pelos outros? 
Essas indagações sempre me inquietaram, desde o tempo em que fazia política estudantil, na UFPE (e faz muito tempo), quando fazer política, era algo perigoso, principalmente dentro de universidade. 
Essa mesma inquietação voltou a baila em toda essa questão sobre o Cais José Estelita. Algum desses que posam de líderes e donos da verdade  já perguntou (SEM INDUZIR A RESPOSTA NA PERGUNTA) o que a comunidade pensa sobre a construção dos prédios naquele lugar? Alguém do Consórcio chegou a fazer o mesmo, para identificar se ali existe a “mão de obra” para os empreendimentos que “irão surgir”? Será que se pensou em qualificar as pessoas do bairro para o nicho de mercado que “vira”? 

Eu pessoalmente penso que algum emprego é melhor que emprego algum.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Cais José Estelita.


No capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Constituição Brasileira de 1988, no seu parágrafo XIII, afirma que “a propriedade atenderá a sua função Social”. 

Mas o que viria a ser essa tal de função Social? 
Aproveitando uma definição da sociologia, função social é a contribuição que um fenômeno provê a um sistema maior do que aquele ao qual o próprio fenômeno faz parte. 
Assim sendo, moradia, emprego, renda, mobilidade, segurança, educação e lazer são alguns elementos que podem compor a tal função social. 
Agora vamos entrar no assunto propriamente dito: O Cais José Estelita é uma área de armazéns da antiga RFFSA para granéis sólidos, Melaço e açúcar, que hoje é uma das áreas mais decadentes do Recife. 
Parte de sua finalidade foi anulada quando o extinto IAA, para dar maior agilidade no embarque de Açúcar, Álcool e Melaço, construiu no Porto do Recife o terminal açucareiro. No final da década de 1980 deixou de ter a função de armazenagem e passou a ser apenas o terminal de manutenção de trens e depósito de sucata de trilhos, dormentes, vagões e outras coisas da ferrovia. 
O local, também, um dia foi conhecido por “Raia do Cabanga”, pois ali aconteciam as provas de remo, onde as principais agremiações do Recife competiam. A falta de segurança e a decadência do remo em Pernambuco fizeram com que as provas deixassem de ser realizadas ali. 
Em 1993, o Jarbas Vasconcelos, prefeito, tentou dar utilidade aquela que era uma das vias de acesso a Zona Sul da cidade, fazendo a revitalização do cais, com a construção de uma passarela, com visual romântico e a pintura dos armazéns, transformando aquelas paredes abandonadas numa espécie de mosaico colorido. O local ficou tão bonito que passou a ser utilizado como fundo fotográfico para registros pré nupciais e de debutantes. No entanto, o abandono causado pela falta de utilidade prática e social, levou o local para um outros tipos de encontros. Passou a ser um local frequentado por marginais, prostituição, ponto de consumo de drogas. Em resumo: Um local a ser evitado. 
Quero reforçar uma ideia: O visual da bacia do Rio Jordão é um dos mais belos do Recife, principalmente ao por do sol. Mas, o casario é um horror!!!! 
A única coisa que nasce ali é mosquito da dengue. 
Atualmente um projeto de ocupação daquela área está causando muita polêmica, pela sua arrojada arquitetura e por ser encabeçada por um consórcio de empreiteira, e como todos sabem ser um grupo econômico forte é pecado. Em contraposição a um grupo que deseja que ali seja instalado um parque de convivência, a ser bancado por pelo poder público. 
Eu sou favorável a implantação do Projeto conhecido como Novo Recife e vou dizer porque. O principal problema daquela área se deve ao seu isolamento e o isolamento só será quebrado com a ocupação por pessoas, em moradia e/ou empresas que gerem emprego. Se as duas coisas puderem estar juntas, melhor ainda. 
No sentido contrário aos "Alfaville" da vida, há uma tendência mundial para construção de residências próxima dos centros das cidades, isso para driblar o problema de mobilidade e promover a redução no consumo de combustíveis, o que é bom para o ar das cidades e como as pessoas perdem menos tempo dentro dos transportes, passam a ter mais tempo para elas mesmas. 
A ocupação proposta para o José Estelita se assemelha ao que foi implantado em Puerto Madero, Buenos Ayres. Aquele local, que tinha muitas semelhanças com o nosso José Estelita, era uma área de antigos galpões portuários, economicamente decadente. Hoje é um dos melhores locais para um bom lazer, concentra um grande número de empregos e tem uma vida noturna fervilhante. 
Outra questão, que pra pra mim tem grande relevância, é a origem do dinheiro para a revitalização e seu destino. A máquina pública e lenta, cara a fadada a interferência de pessoas mal intencionadas. Quase todo mundo que conheço, reclama que os governos municipal, estadual e federal gastam dinheiro no local errado, deviam concentrar os recursos na educação, saúde e segurança, pois grandes obras é uma tentação pra corrupção. Essas mesmas pessoas são as que acham que a prefeitura e o estado deveriam fazer do Cais José Estelita um grande parque… 
Quando Jarbas inaugurou o José Estelita, em 1993, sobraram críticas de dinheiro mal usado, cabide de empregos, e a crítica mais interessante de todas: “A prefeitura deveria ter deixado que a iniciativa privada fizesse algo”. 
Hoje ao ver os protestos no local e o perfil dos “ativistas”, chego a achar engraçado. 
Espero um dia poder utilizar aquele local, que é um dos mais belos da cidade.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pais e Filhos.

Como pais, há momentos na vida em que pouco, ou nada podemos fazer. Temos que aceitar as decisões dos filhos mesmo quando desconfiamos que eles se machucarão, sofrerão e nós sofreremos solidariamente.
Isso é duro, principalmente quando se tem a convicção que nossos filhos não são nossa propriedade e temos que viver nossa vida e não a deles. 
Usamos parte de nossa vida passando valores aos filhos, de maneira que eles sigam suas vidas tropeçando menos que nós. Mas, sabiamente, eles acham que têm que viver suas próprias experiências e não as nossas, tem que sofrer suas próprias dores e decepções, e não as nossas. Afinal, isso faz parte do crescimento humano. 

Nessa hora,  os versos de "Renato Russo" passeiam sobre minhas lembranças. 
"Sou a gota d'água 
Sou um grão de areia 
Você diz que seus pais não entendem 
Mas você não entende seus pais. 
Você culpa seus pais por tudo 
Isso é absurdo 
São crianças como você. 
O que você vai ser 
Quando você crescer"