sábado, 29 de maio de 2010

Progressão ou promoção automática?


O governo federal está discutindo uma modificação no sistema de educação brasileira e as propostas postas a mesa batem de frente com o que acredito e com o que entendo por certo.
vejam porque.
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PROGRESSÃO CONTINUA & APROVAÇÃO AUTOMÁTICA ( Por FRANCISCO DE PAULA M. AGUIAR)

Li uma reportagem publicada no Jornal O Estado de São Paulo, afirmando que a Fundação Victor Civita realizou uma pesquisa com professores do Brasil, onde mostra que 26% (vinte e seis por cento) dos entrevistados afirmam que “seus alunos não sabem ler nem escrever”. É importante lembrar de que os docentes entrevistados trabalham em sala de aula com Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todos os Estados da Federação Brasileira. Daí a importância singular da pesquisa em tela.
Os números dessa pesquisa me deixaram perplexo, pois, trabalho com educação há 44 anos com compromisso com o meu ideal de transmitir, orientar àqueles que me dão a honra de lhes ensinar.
Acredito que a “progressão continua” idealizada e defendida por Paulo Freire não é a chamada “promoção automática” dos dias de hoje, com seu caráter mascarador para evitar que o Governo Federal, através do FUNDEB, deixe de enviar dinheiro para os Estados e Municípios. Pelo contrário, o idealizador do sistema da “progressão continua”, defendeu a idéia do bom ensino, da leitura do mundo e da educação como meio para a libertação e o respeito. Infelizmente, as idéias defendidas por Paulo Freire foram distorcidas e o que vemos é uma educação pública em crise permanente.
No modelo atual basta que o aluno faça sua matrícula para ter como prêmio sua promoção automática para a série seguinte na Educação Básica, tenha ou não sido alfabetizado.
Agora, pergunto: a quem interessa a reprovação do alunado brasileiro atualmente?
Que mundo é este onde é possível pensar numa escola que garante o diploma, mas não garanta o mínimo de aprendizagem?
De que adianta ter um diploma e não ter o domínio da leitura e da escrita para prestar um bom serviço ou prestar um concurso público e ser aprovado com dignidade?
Quero deixar bem claro que não defendo a volta de reprovação em massa como solução.
O que proponho é que façamos, de fato e de direito, alguma coisa concreta, com urgência, e não apenas criticas e manifestos escritos, com esse artigo e inúmeros outros. Proponho que possamos planejar e repensar o fazer pedagógico (docente) para transformarmos o sistema educacional brasileiro e a estrutura em vigor de maneira real e consciente.
Tal tarefa não é brincadeira. Demanda acima de tudo coragem e vontade política dos governantes para modificar um sistema injusto e que transformou a educação pública duvidosa e evoluindo para uma enganação continuada.
.... se não começamos um grande plano de mudança estaremos coniventes, omissos e passivos diante do erro de todos os anos aprovar automaticamente os nossos alunos, filhos de pais e mães que ganham um salário mínimo ou menos.
... os autores da chamada “PROGRESSÃO CONTINUA & PROMOÇÃO AUTOMÁTICA”, jamais colocariam seus filhos na escola pública que temos hoje, pois, eles os querem cursando medicina, direito, engenharia e outros cursos preferidos pela classe dominante deixando aos filhos dos operários e desempregados uma educação de terceira categoria e incapaz de concorrer a qualquer tipo de concurso, a não ser por sistemas de cotas.

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