quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"Greia geral" na cultura

Acredito que foi lá pelo final dos anos 80, que a produtora Clave, de Zé da Flauta, criou um programa de televisão chamado Gréia Geral, junto com Valmir Chagas (o Veio Mangaba) que, se não me falha a memória, teve uns dois ou três programas.
Num deles dois matutos, personificados por Zé e Walmir, encontram-se numa picada montados em seus burricos.
Um voltava da feira, onde fora comprar o videogame pro seu filho. O outro, estava a caminho da locadora para alugar o mais novo vídeo de Michael Jackson.
Rolou ali um inusitado papo “hightec“ onde se discutiu sobre tecnologias 16 bits, som dolby, vídeo de sete cabeças e outras coisas do gênero, com o mais puro sotaque do agreste pernambucano.
É bem obvio que era uma caricatura da realidade. Contudo, essa caricatura serve para mostrar que cultura é algo vivo e mutante. Mas, ao mesmo tempo, representava uma crítica a alienação cultural, pela troca de valores locais, fundamentados na identidade regional, por “ valores globais”, empurrados de "guela abaixo".
A mudança de cultura acontece tanto de forma espontânea quanto induzida.
“Ouvi dizer” que uma das funções atuais do marketing é criar no consumidor a necessidade de consumo para algo que acabou de ser criado ou que ainda está nas pranchetas dos projetistas.
Vale como exemplo a ação dos “donos” das programações musicais, tanto no rádio quanto na TV. Eles definiram que a moda seria a lambada, então inventaram o Beto Barbosa. E o povo consumiu. Decidiram que o povo iria gostar do “forró universitário paulista”, então inventaram o “Fala Mansa”. E o povo, mais uma vez, consumiu.
Essa pra tica se repete ciclicamente, onde eles substituem uma “tendência” por outra. Para entender basta ver a trajetória das bandas de pagode, as duplas sertanejas, os grupinhos de jovens quase adultos.
Cada coisa ao seu tempo e ao seu modo, mas tudo foi fabricado num laboratório, manipulado para ter textura e sabor e posto no mercado para ser consumido num prazo curto.
Mas isso não um fenômeno exclusivo da música. Acontece na moda, na tecnologia, na televisão.
Esse modismo se baseia na teoria da compensação, em que cada frustração ou conquista do ser urbano deve ser recompensada com algo que lhe dê prazer ou confira um signo de status.
Esse apelo de mercado é evidente quando as pessoas trocam de relógio, quando são promovidas, que capacidade de mergulho acima dos 200m, enquanto ela não sabe nem mesmo mergulhar.
Esse “marketing”, que procura criar necessidades para dar vazão a sues produtos, que dita o que vai ser consumido, acaba criando uma cultura onde os valores são frageis e acaba com a identidade de um povo.





Volterei logo após o carnaval ou a qualquer intante em edição extraordinária.

André Maia

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Postos de arrecadação de donativos para o Haiti

Desde ontem (18/01) vários supermercados pernambucanos iniciaram uma campanha de arrecadação alimentos não perecíveis e água para as vítimas do terremoto que assolou o Haiti.
Roupas não estão sendo recebidas por conta de um pedido do governo do Haiti com a finalidade de priorizar alimentos e água.

Ai vão os supermercados que estão arrecadando:

Extra (Boa Viagem e Madalena)
Pão de Açúcar (Parnamirim e Aflitos)
Hiper Bompreço (Boa Viagem)
Arco-Íris (Prazeres)

Além de outros pontos montados pelo exército, como o 3o. Jardim em Boa Viagem, Praça Fernando Figueira, próxima ao Imip, no bairro dos Coelhos, o quartel do Derby, Parque da Jaqueira.
As paróquias ligadas à Cúria também estão autorizadas a receber as doações.

Vale lembrar também que as doações de água devem ser feitas em garrafas pequenas de 1/2, 1 ou 2 litros para facilitar a distribuição.
Lembre-se, que se cada um de nós doar um pouco, esse pouco já é muito para que esta sem NADA.


Todos nós temos condições de doar, afinal de contas o Pernambucano tem a fama de boa gente e de bom coração.

(Repassem esse aviso ao maior número de pessoas possível de sua rede de relacionamento.)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Morre Zilda Arns


Hoje, 13/01/2010, o mundo acordou mais pobre e solitário.

Morreu Zilda Arns.

Médica pediatra e sanitarista, por profissão. Mãe de cinco filhos, avó de nove netos e irmã de dom Paulo Evaristo Arns, por familiaridade. Fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, por crença na humanidade.

Por sua atuação em programas de responsabilidade siocial, recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país, inclusive uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2006.

Formada em medicina, aprofundou-se em saúde pública, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Podemos atribuir-lhe a vocação para a invenção, já que inventou a multi-mistura, como complemento alimentar de combate a desnutrição infantil. Inventou métodos simples, rápidos e baratos para medição de peso e controle familiar. Muitas de suas "invenções" são adotadas nos PSFs brasileiros e em muitos outros paises.

Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das mazelas sociais, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento baseada na interação humana.

A sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças César Pernetta, em Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.

Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com dom Geraldo Majella Agnelo. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis, Paraná. Em vinte e cinco anos de atividades, a pastoral acompanhou 1 816 261 crianças menores de seis anos e 1 407 743 de famílias pobres em 4060 municípios brasileiros.

Zilda Arns morreu atingida por uma pedra de concreto dentro de uma Igreja no Haiti, quando se preparava para uma palestra sobre a Pastoral da Criança na Conferência dos Religiosos do Caribe.

Ela foi uma guerreira pela Responsbilidade Social. E, por sua atitude, peço uma salva de palmas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

É tudo uma questão de cultura.


Há uns dias atrás, durante a correria das compras de final de ano, estava num dos shoppings da cidade quando conheci um senhor falante, muito “gente fina”.
A conversa começou pela dificuldade de arranjar uma mesa para fazer um lanche. Nosso comentário ficava em torno das pessoas que ocupavam as mesas, com mais cadeiras que as quatro convencionais, eram 6, 8 e até mais pessoas para por a conversa em dia, sem darem a mínima para aqueles que pretendiam fazer uma refeição.
Conseguimos por fim uma mesa e continuamos a conversa. Ele um engenheiro de segurança do trabalho, trabalhando numa industria no complexo de Suape, casado e com um filho começando o curso de Fisioterapia.
Por falar que trabalhava em Suape, direcionei nossa conversa para a questão ambiental. Foi uma grande conversa.
Ao final do lanche, nos dirigimos ao quiosque para pagar o estacionamento e fomos para o piso em que os carros estavam estacionados.
Qual foi minha surpresa, quando ele se dirigiu a uma vaga reservada para idoso, deficiente ou gestante. Por brincadeira perguntei: Rapaz que é isso? Usando uma vaga especial? Não me diga que você está grávido?
E como resposta ouvi: "Como ninguém estava vendo, ai eu deixei aqui!".

Me despedi e sai de fininho.
A responsabilidade social começa necessáriamente pelas pequenas coisas. São coisinhas do cotidiano que fazem a grande diferença: Não jogar lixo no chão, agradecer a que te presta algum tipo de serviço, respeitar aos que por algum motivo tem a redução ou dificuldades em sua capacidade de locomoção, facilitar o caminho de quem saí do elevador e só depois entrar.

Levar vantagemem tudo realmente não combina com "gente fina".